domingo, 20 de novembro de 2011

Identidade Afro-descendente

A cultura negra em nosso país é marcada por um histórico de dominação, exclusão, perda de identidade, sofrimento, silenciamento.
A identidade é muito subjetivo ao ser humano, é constituída por uma série de fatores e elementos decorrentes do meio cultural. A identidade perpassa pelo contexto social, cada cultura, cada grupo humano constrói sua própria identidade de acordo com seus idéias, suas necessidades. Uma identidade de resistência é o que os negros como Zumbi dos  Palmares e seus seguidores buscavam implantar, uma identidade que reafirmasse sua cidadania, e consequentemente seus direitos, que buscasse a igualdade valorizando sua individualidade, que se contrapõe a identidade legitimadora imposta pelos brancos.
A população branca tem uma dívida histórica com os negros, foram anos de uma dominação sem fundamento, sem sentido, anos de uma identidade negada, anos de cidadania excluída, anos de uma intensa busca pela liberdade, onde a invisibilidade dos negros estava instituída. A escravidão no Brasil foi um dos momentos mais vergonhosos de nossa história, e isso foi tão profundo que mais de cem anos após a abolição da escravatura, por Princesa Isabel, com a lei áurea em 13 de maio de 1988, ainda existe resquícios dessa desonra, o conhecido racismo, que é crime lei nº 7.716 de 05/01/89, a lei diz que:
A Constituição Federal (artigo 5º/XLII) diz que a prática do racismo constitui crime inafiançável (o acusado não tem direito de pagar fiança para aguardar o julgamento em liberdade) e imprescritível (o agressor pode ser julgado e punido mesmo que se passem muitos anos). A pena varia entre 15 dias a 1 ano de prisão. WWW.violenciamulher.org.br/index.php
Isso ficou ao impregnado na mente das pessoas sob influencia do mito da democracia racial, que alega que no Brasil não existe racismo, e que aqui todos os grupos étnicos, negros, brancos, índios, asiáticos são felizes, livres de quaisquer preconceito, racismo e práticas discriminatórias, esse mito da democracia racial foi muito difundido no país, justificando “supostas” práticas discriminatórias como situações isoladas.  Atualmente o racismo é velado, não é instituído legalmente, como foi o apartheid de  1948 a1994(46 anos), onde a minoria branca segregou as raças branca/negra. Vivemos em uma sociedade que valoriza a cultura eurocêntrica, e que busca o branqueamento, por vezes até inconscientemente, ou não.
Deveriámos  valorizar a cultura africana tal como ela é, sem mascarar ou branquear, nas escolas públicas e privadas já entrou para o currículo a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” à partir da lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003, que altera a lei de 9394/96 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
A luta da atualidade é vencer os preconceitos marcados pela cor da pele e mostrar que caráter, competência e racionalidade estão além da etnia. Na busca de desenvolver uma sociedade providade de consciência e valores, dotada de conceitos reias. No início da escravidão, os europeus escravizavam os índios, porém alguns grupos sociais e religiosos foram contra, então os portugueses fizeram como alguns países europeus faziam, passaram a importar mão-de-obra escrava da África, dando início ao tráfego negreiro.
Mas da onde vem essa idéia de escravizar alguém e por que os negros?
Vem da ignorância, os europeus desconheciam a cultura africana, não os entendiam, na tentativa de tentar “justificar” essa forma de dominação,  foram fixando uma imagem ruim dos negros, é facil difamar quando não se conhece.
A identidade afro-descendente da atualidade está constituida numa não negação de sua etnia, os negros não estão se conformando com os “restos” e lutam cada vez mais por seu espaço na sociedade, o espaço em cargos de chefia, nas artes, na moda, mesmo sabendo que o preconceito ainda existe fazem questão de se impor e exigir o que lhe é de direito. Tem grande influência na construção da história, mesmo que nos livros de história não apresente a real história da escravidão. A identidade afro de hoje, tenta implantar uma conscientização de valorização da cultura negra e estabelece meios para que aconteça de fato esse reconhecimento de uma forma positiva porque de negativa, já basta a imagem que os europeus criaram.
Um desses meios é essa eletiva Memórias da África, conhecer para tirar suas próprias conclusões, entender como se constitui os líderes de movimentos socias contra a segregação étnica, usar os conhecimentos construídos para nossa formação profissional e pessoal, afinal a pedagogia está diretamente ligada a formação do cidadão. Que cidadão quermos formar? Que cidadão quermos deixar para o futuro? Lembremos que o futuro começa agora à partir dos exemplos que damos.  A pedagogia diz que devemos buscar a formação de um cidadão autônomo e crítico, inserido no mundo e nele estabelecer relações de convívio com o outro. Para que sejamos capazes de oferecer ferramentas que objetive essa construção, é necessário que também nos formemos como humanos, como gente, como pessoas capazes de interagir com o outro e participar de sua subjetividade.
Portanto é necessário que haja uma conscientização mútua das práticas de todas as áreas, desprovidas de esteriótipos. Esteriótipos não servem para nada, a não ser para enganar. 

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